Certa vez li em um artigo que nós, seres humanos, somos muito bons em planejar o que podemos alcançar em 12 meses, mas muito ruins em pensar naquilo que podemos alcançar nos próximos 10 anos. A sustentabilidade, enquanto importante meta a ser buscada, se encaixa muito bem nesse paralelo. No mundo globalizado e complexo de hoje, com problemas na cadeia de suprimentos, inflação, escassez de mão de obra, entre outros fatores que pressionam os negócios, ainda que uma preocupação vigente, o ESG parece uma meta para longo prazo, algo cujo benefício soa distante demais para se empreender agora.
Entretanto, sabemos que não há mais como deixar essas preocupações para depois. Para além da crescente valorização de produtos de origem sustentável e ética, vemos um maior escrutínio por parte dos governos. Novos regulamentos acerca da sustentabilidade da União Europeia podem impactar as exportações no mundo todo ao exigir que empresas comprovem que suas cadeias de suprimento não estejam associadas a ações de desmatamento. Essas regulamentações estão entrando em vigor rapidamente e devem, inclusive, ser ampliadas. Ou seja, para terem sucesso e longevidade, as empresas terão de buscar essa conformidade e não há mais tempo ou espaço para hesitar. O ESG já não é mais uma opção.
Como Líder de Sustentabilidade na New Zealand Trade and Enterprise (NZTE), agência do governo da Nova Zelândia que apoia a expansão internacional de empresas do país, atuo para garantir que essas empresas estejam no caminho certo para atingir suas metas ESG, incluindo, medir suas emissões de carbono, sua geração de lixo e garantir que empreendedores estejam confiantes e conscientes para atuar a favor do ESG.
O primeiro desafio a superar na jornada rumo à sustentabilidade é um dos mais difíceis: começar. Muitas empresas se sentem perdidas ao se deparar com o tema. Para contornar isso, temos vários fluxos de trabalho com ferramentas que podem capacitar as empresas para implementar estratégias de sustentabilidade nos seus negócios.

Um dos nossos programas é o “Business for Good: Good for Business” (Negócios para o Bem: Bom para os Negócios, na tradução em português), feito em parceria com a B Lab, organização global sem fins lucrativos que certifica Empresas B, companhias que conseguem atingir altos padrões de performance social, ambiental e de transparência. O programa ajuda empresas a criar um plano de ação para melhorar o seu impacto, aproximando também de outras empresas certificadas pela B Lab. Na prática, analisamos o impacto dos negócios dessas empresas, que vão desde os fornecedores aos seus funcionários, e indicamos pontos e lacunas nos negócios que podem ter o maior impacto para metas ESG, ao mesmo tempo, demonstramos o progresso rumo a essas metas.
A boa notícia é que a consciência ao redor do ESG está crescendo rapidamente. Hoje sinto que não preciso mais convencer as empresas de que a sustentabilidade, suas metas sociais e de governança são importantes, que se é bom para elas, pode ser bom também para o planeta. Agora, todas as empresas com que converso querem ser sustentáveis. E isso é algo animador.
O ESG é um grande compromisso que os negócios assumem. E reforço quando digo que é um grande compromisso, pois além de possibilitar um impacto positivo e poder ser escalável, é algo que é inevitavelmente trabalhoso. Não é só sobre preencher um formulário com suas emissões de carbono, algo que você terá resolvido da noite para o dia, é algo que fará parte da sua jornada de negócios. Mas uma vez assumido, poderá sair da mesa de decisões para influenciar as áreas de operações ou compras, marketing e, claro, beneficiar o seu cliente e a sua comunidade.